Vasco reduz atraso histórico e estreia centro de treinamento próprio em Jacarepaguá

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  • 23/10/2020 06:37
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Não dá para dizer que o Vasco finalmente entra no século 21 porque a necessidade de um centro de treinamento adequado, separado do campo de jogo, é anterior — para se ter uma ideia, desde 1973 que o Cruzeiro treina na Toca da Raposa. Tampouco é garantia de bons resultados e o clube mineiro, que flerta com a Série C do Brasileiro, serve novamente de exemplo. Ainda assim, o Cruz-Maltino dá um passo importante rumo a um reajuste entre grandeza histórica e realidade ao estrear na manhã desta sexta-feira o CT do Almirante, o novo local de treinos dos profissionais.

Da pedra fundamental até a atividade comandada pelo técnico Ricardo Sá Pinto, foram 13 meses e R$ 7,9 milhões investidos no terreno doado pelo Município, cerca de R$ 2,1 milhões do próprio clube, e o restante de doações de parceiros e torcedores, de acordo com o balanço do projeto, divulgado pelo clube em agosto.

O esforço gerou até agora dois campos oficiais,academia, sala de fisioterapia, área do departamento médico, vestiário, sala de descanso dos jogadores e área de imprensa, tudo à disposição, menos a última, que, por causa da pandemia, ainda está fechada para uso. Pedro de Seixas, vice-presidente de obras, celebra o resultado:

— É motivo de orgulho, um desejo antigo que conseguimos consolidar. É a casa própria do futebol. É a segurança de ter um casa para desenvolver o planejamento de melhorias, de investimento em estrutura, pensando no longo prazo.

Houve um atraso na entrega do CT para o departamento de futebol, em parte fruto de alterações que o clube precisou fazer no espaço à pedido da comissão técnica anterior — demitida na saída de Ramon Menezes. Sá Pinto ainda não se familiarizou com o espaço e pode ser que também sugira mudanças no local. Também houve alguns atrasos em pagamentos, fruto do fluxo de caixa apertado.

Daqui para frente, a perspectiva do Vasco é de economia na casa de R$ 150 mil por mês ao clube em comparação ao que era gasto para usar o CT das Vargens, local que o clube alugava. Antes, o futebol passou pelo CFZ, pelo Cefan, pelo Vasco-Barra e outros tantos espaços que faziam do futebol vascaíno um nômade carioca.

— Temos estrutura para paineis solares e uso otimizado da água. Com a localização, o tempo de deslocamento será menor. Esse ganho de eficiência não é quantificado — lembrou o vice de obras.

Mas, na ausência de um local de treinos ideal, ninguém foi mais utilizado que São Januário. Quando não o campo principal, o campo anexo, paliativo. A mudança para o CT do Almirante permitirá ao clube cuidar melhor do gramado da Colina, criticado pelo mau estado. A expectativa é de que na próxima semana ele já apresente alguma melhora.

— Ainda tem muita coisa a ser feita no CT. Estamos felizes, mas sem tempo de comemorar — disse Seixas.

Um próximo passo é a transferência de mais famílias que ocupam o terreno do CT para serem beneficiadas com o programa de aluguel social da Prefeitura. Além disso, o Vasco tenta o licenciamento para o aterro da segunda fase do projeto de construção.

Atualmente o Vasco ocupa um terço do espaço total do CT. Os planos são ambiciosos para os outros dois terços, onde pretende construir mais cinco campos, estádio para 2 mil pessoas e hotelaria. O custo total estimado é de R$ 30 milhões.

O próximo desafio do clube, depois da mudança do futebol para o local, é não deixar o ritmo da construção cair. O atraso em comparação à estrutura de outros clubes do futebol brasileiro não permite.

— Imagino que devido à cobrança por resultados imediatos, as decisões das gestões passadas eram tomadas visando o resultado imediato — respondeu Pedro de Seixas, ao ser questionado sobre porque o Vasco demorou tanto para ter seu próprio CT. — Esse é um investimento para o futuro. Nesse momento, procuramos, dentro do planejamento da diretoria, os investimentos mais de longo prazo, estruturantes, para colhermos os frutos mais para frente.