Quando se fala em Pelé, dificilmente não vem à memória a conquista de três Copas do Mundo para o Brasil, mas também aquele que, ainda hoje, é considerado por muitos o melhor jogador da história do futebol. Porém, com quase mil gols em sua carreira profissional e feitos impressionantes, esse novo documentário da Netflix não se foca apenas na narrativa de Pelé enquanto herói nacional, mas sim no posicionamento de Pelé quando o Brasil estava atravessando uma das fases mais conflituosas de sua vida política: a ditatura militar.

Até que ponto Pelé deveria ter se posicionado afirmativamente para uma das duas ideologias políticas na década de 60 e 70 no Brasil? Com certeza nesse momento, as decisões políticas estavam influenciando a liberdade de milhões de brasileiros.

Sem dúvida alguma que naquela fase o Pelé era o Rei do Futebol, um pouco como acontece atualmente com Leonardo DiCaprio no cinema, André Akkari no GGPoker.com  ou até mesmo Lewis Hamilton na Fórmula 1. O domínio era tanto que Pelé era convidado para jogar nos quatro cantos do mundo. Todos queriam assistir ao show do Rei Pelé. 

Como Pelé foi de jovem revelação para herói nacional?

Tendo estreado em uma das melhores seleções do mundo com apenas 17 anos, os próprios entrevistados desse filme da Netflix não escondem que, desde esse momento, que se percebeu que Pelé iria se tornar o melhor jogador da história do futebol. Sendo um artilheiro implacável, Pelé não só ajudava a seleção brasileira com vitórias, como também encantava com sua capacidade técnica e rapidez, deixando constantemente a zaga adversária sem resposta. 

Porém, mais do que as proezas que conseguiu realizar no Santos ou no percurso de astro que acabou tendo nos Estados Unidos da América, Pelé subiu ao primeiro lugar do pódio de melhor de sempre com o que ajudou a conquistar com a seleção Brasileira. Até hoje, mais nenhum jogador conseguiu vencer três Copas do Mundo, sendo que apenas Pelé conseguiu tal feito. 

Também por isso Pelé é constantemente homenageado no Brasil como sendo o “rei do futebol”, tendo até estádios de futebol dedicados a seu nome, por exemplo. Todo o mundo quer ser Pelé, sendo talvez por isso que o jogador tentou sempre ao máximo que fosse visto por os torcedores como um astro dentro dos gramados e não alguém que poderia ter um impacto gigante na instabilidade e guerra política que aconteceu no país, precisamente no auge da carreira e da popularidade do Rei Pelé. 

Pelé se descarta de responsabilidades no período da ditadura militar

De fato, enquanto Pelé estava crescendo para se tornar o melhor jogador da história do futebol, começou se verificando que a imagem do Brasil no mundo estava se modificando bastante. Ao invés de ser visto somente como mais um país da América do Sul, nas décadas de 50 e 60 o Brasil era encarado no exterior como sendo um país modernizado e legal para se passar férias, mas também viver.

Contudo, rapidamente tal visibilidade acabou se esfumando, visto que foi a partir dessa década de 60 que a instabilidade política e social se iniciou. Com uma luta pela democracia, mas uma ditadura militar batendo na porta, Pelé nunca quis tomar um posicionamento público em relação a questões políticas, acabando mesmo por enervar muitos de seus torcedores e a grande maioria da população brasileira. 

Até que ponto que o brasileiro mais famoso deveria se posicionar em um assunto que em nada está relacionado com o futebol? Toda essa questão foi muitas vezes abordada nesse filme da Netflix, questionando mesmo se, ainda nos dias de hoje, os atletas com maior visibilidade deverão usar esse seu poder de influência para abordarem questões políticas, bem como suas visões e ideologias.

Porém, mesmo tendo passado mais de 50 anos desde o auge e a vitória da Copa de 1970, Pelé, ainda hoje, garante não ter qualquer obrigação ou compromisso para ter um posicionamento, mesmo que isso enerve muitas pessoas. Mais do que um símbolo do país, Pelé quer continuar sendo “apenas” relembrado como o melhor jogador da história do futebol.