
O que fariam Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco com os R$ 62 milhões que o Cruzeiro ganhou com a conquista da Copa do Brasil? O clube rubro-negro, em bom momento financeiro, talvez fosse capaz de barganhar mais para se desfazer de seu principal ativo, Lucas Paquetá, negociado com o Milan, da Itália, por valor questionado por parte da torcida e pela oposição.
Já Botafogo, Fluminense e Vasco, ultimamente sempre com o pires na mão, seriam capazes de pagar uma série de dívidas e, principalmente, montar times à altura de suas tradições. Mas essa bolada nunca passou perto dos três clubes do Rio.
O que os cariocas enxergam a um palmo de seus narizes é o ciclo vicioso das derrotas. Sem dinheiro, não montam equipes competitivas. Sem equipes competitivas, não brigam por títulos como o conquistado pelo Cruzeiro em cima do Corinthians, cuja premiação é simplesmente a maior do futebol sul-americano.
Flamengo tenta penhora
Um bom exemplo de como uma quantia dessas extra no orçamento pode ser útil é a penhora que o Flamengo tenta impor aos mineiros na Justiça. O clube de Belo Horizonte, que, apesar do título e dos troféus conquistados na última década, passa por grave crise financeira, ainda deve cerca de R$ 4 milhões pela aquisição de Mancuello, em janeiro deste ano. Com os R$ 62 milhões a que tem direito, poderá quitar a dívida com um pé nas costas.
Para o Botafogo, o montante seria fundamental para o clube seguir em dia com as certidões negativas de débito (CNDs), necessárias para receber as verbas do patrocínio estatal da Caixa. Na última terça-feira, o Conselho Deliberativo do clube aprovou a antecipação de 12% das cotas de transmissão do Campeonato Estadual de 2020 e 13% da edição seguinte. Com os R$ 18,8 milhões, a diretoria espera acertar o pagamento dos salários atrasados.
Déficit do Flu
O desespero também bate em Laranjeiras. O Fluminense pena com os atrasos sistemáticos dos direitos de imagem. Uma bola de neve que vem sendo empurrada com a barriga desde o ano passado, quando fechou com déficit de R$ 67,8 milhões. Pedro Abad, às voltas com pedidos de impeachment, tem na crise financeira do Tricolor seu calcanhar de Aquiles.
Em São Januário, a coincidência é das mais emblemáticas. Enquanto o Cruzeiro conquistou em campo o direito de receber a bolada da Copa do Brasil, um dia depois o Vasco comemorou a obtenção de um empréstimo bancário de R$ 38 milhões, a serem usados no pagamento de salários e dívidas que a diretoria parcelou. Na Colina, chegar até dezembro com as contas em dia já é motivo para festejar.