Economia da bola: clubes de futebol buscam novos mercados para aumentar a renda

  • 08/03/2023 10:50
  • Notícias

 

Há muito tempo o futebol não é disputado “só” em campo. Agora, a batalha também tem acontecido nas finanças. Clubes de todo o mundo lutam para conseguir aumentar a arrecadação e reduzir os gastos, dessa forma, com os cofres cheios, é possível montar grandes equipes e, aí sim, buscar os títulos dentro das quatro linhas.

O futebol moderno exige dos presidentes e gestores financeiros muita perícia, afinal, para contar com os melhores é preciso desembolsar verdadeiras fortunas. No Brasil, os clubes com as maiores folhas salariais são: Flamengo (R$ 36 milhões), Palmeiras (R$ 32 milhões), Atlético Mineiro (R$ 23 milhões), Corinthians (R$ 23 milhões) e São Paulo (R$ 19 milhões).

Com tamanha exigência, os times estão em constante movimento para encontrar novas fontes de renda. Muitas vezes, as novas oportunidades de negócio estão fora do gramado, como veremos a seguir.

 

No esporte eletrônico

 

Nos últimos anos, os eSports tomaram conta do mundo online e cresceram em popularidade e reconhecimento. Diversos jogos de videogame ganharam campeonatos oficiais, com organizações (que são equivalentes aos clubes) e jogadores profissionais, que deram cara de esporte para um passatempo mundialmente conhecido.

As primeiras instituições de eSports nasceram diretamente no segmento online e estão consolidadas no cenário. No Brasil, podemos citar a Loud, paiN Gaming e a INTZ como principais expoentes. Ainda nesse campo, vale destacar que algumas dessas entidades estão conseguindo parceiros para ampliar a atuação e conquistar novos mercados, esse é o caso da FÚRIA, que recentemente acertou uma parceria com o PokerStars, plataforma especializada no poker, para criar uma fusão entre os eSports e os esportes da mente.

À primeira vista, esta união pode parecer inusitada, no entanto, quando vemos como o poker online tem crescido no Brasil, tudo faz sentido. O famoso jogo de cartas migrou com sucesso para o mundo digital e tem ganhado cada vez mais novos praticantes. Estima-se que 120 milhões de pessoas joguem poker online. Já no Brasil, são aproximadamente 8 milhões, segundo a Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH).

Outro fator que explica a movimentação da FURIA é a chegada de novos concorrentes no mercado de esportes eletrônicos. Diversos clubes nacionais e times internacionais estão investindo em equipes profissionais para representar as suas cores no mundo virtual e conquistar novos fãs, além de levar a tradição para as quatro linhas digitais. Os endinheirados Manchester City e PSG já contam com “line-ups” em jogos como League of Legends, Dota e, claro, FIFA.

No Brasil, Corinthians e Flamengo são os times que mais trabalham nesse segmento. A equipe paulista já conseguiu grandes feitos no Free Fire, a line-up alvinegra foi campeã mundial em 2019 e, em 2022, venceu a Copa Libertadores da modalidade. Já o clube carioca teve uma sólida história no League of Legends (LoL) e, agora, aposta no Free Fire.

 

Fan Tokens

 

Esta é outra vertente tecnológica que tem conquistado espaço nos clubes brasileiros. Os fan tokens são ativos digitais que funcionam de forma similar às criptomoedas, em sistemas de blockchain. A diferença é que esses tokens não têm poder de compra, como as moedas digitais, mas dão ao seu portador diversos benefícios, como poder de voto em pautas do clube, concorrer a prêmios, escolher design de uniformes, ônibus e vestiário etc.

O dinheiro chega aos clubes no momento da venda dos tokens. Os times anunciam o lançamento, tal qual uma Oferta Pública Inicial (IPO) de ações de uma empresa, os interessados compram os tokens e o valor vai direto aos cofres das agremiações.

No Brasil, alguns times já estão comercializando fan tokens. Corinthians, São Paulo e Atlético Mineiro ofertaram 850 mil unidades e arrecadam US$ 1,7 milhões cada um. O Flamengo conseguiu uma grande quantia com a oferta do $MENGO, por exemplo, foram 1,5 milhão de tokens distribuídos e US$ 3 milhões arrecadados na oferta inicial.

 

 

 

Foco na experiência

 

A revolução do marketing trouxe o conceito de experiência para o topo das prioridades. É justamente esse o objetivo dos clubes brasileiros: oferecer aos seus torcedores mais do que o jogo. Nesse campo, a NBA é a liga mais avançada, pois em cada pausa durante a partida um verdadeiro espetáculo é montado em quadra.

O Palmeiras já está trabalhando o seu estádio para além dos jogos. Os fanáticos pelo Verdão podem visitar o Allianz Parque e realizar um tour completo passando pelas arquibancadas, camarotes, vestiário, gramado e, não poderia faltar, uma visita aos antigos arcos do Palestra Itália.

O arquirrival alviverde, o Corinthians, também tem investido no tour pela sua arena. Conhecido como “Tour Casa do Povo”, o passeio leva os corintianos pelas arquibancadas, vestiários, sala de pré-aquecimento e uma subida ao gramado.

Existem duas coisas que todo clube de futebol busca: reforços e novas fontes de renda. Essas duas necessidades estão intimamente ligadas e são igualmente desafiadoras. Os obstáculos apresentados pelo futebol moderno são muitos, porém, a aposta por ações no mundo online e experiências exclusivas são caminhos que podem trazer resultados positivos para as agremiações nacionais.