Camisa 'Flamengo Antifascista' fez com que torcedor precisasse de autorização para entrar no Maracanã

  • ExtraOnline
  • 07/04/2019 19:50
  • Brasil e Mundo

Um vídeo em que uma pessoa reclama por quase ter sido barrada no Maracanã neste sábado, dia de Fla-Flu, viralizou nas redes sociais. A polêmica se deve ao motivo que levou os seguranças a pararem o torcedor na entrada do estádio: ele usava uma camisa com os dizeres "Flamengo Antifascista".

"Eu agora levei cinco minutos para entrar no Maracanã porque um dos fiscais que usa aquele uniforme verde achou que eu não poderia entrar com essa camisa. E aí ele acionou a coordenação e a gerência para saber se eu podia entrar com essa camisa. E a gerência acionou a Polícia Militar. E teve que vir um sargento da Polícia Militar que não sabia se eu podia entrar com essa camisa, porque acharam suspeita. É essa a Era e o momento histórico que estamos vivendo. Para entrar no Maracanã, que é uma concessão pública, tive que ser interrogado sobre o teor de uma camisa antifascista. Bem-vindos ao Estado do Rio de Janeiro", descreve o torcedor, que se chama Alexandre Bárbara e é professor do departamento de psicologia da Universidade Federal Fluminense, em Volta Redonda.

Por ter sido o mandante da semifinal, o Flamengo foi quem cuidou da operação da partida. Ou seja: a segurança privada, responsável pela fiscalização dos torcedores que entram no estádio, também estava sob sua responsabilidade. Procurado, o clube ainda não se manifestou sobre o episódio.

A reportagem apurou que a postura dos funcionários envolvidos está dentro do protocolo recomendado. O problema, neste caso, é que há uma grande confusão em torno do que diz o Estatuto do Torcedor.

Como a Fifa prega neutralidade política (a ponto de ter punido, durante a Copa da Rússia, dois jogadores por manifestação política), clubes e entidades brasileiros se protegem sob a sombra do artigo 13-A do Estatuto do Torcedor, que estipula as condições de acesso aos estádios. Só que, na verdade, ele não faz qualquer menção a este tipo de posicionamento.

O inciso IV proíbe "cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou xenófobo". Sob o argumento de que manifestações políticas podem gerar violência, elas também são vetadas.

Em sua essência, uma mensagem antifascista é a negação da violência. Mas também se trata de um posicionamento político. Por isso, gerou dúvidas. E, nestes casos, a recomendação dada aos seguranças é justamente a de consultar seus superiores. Caso a dúvida permaneça, a PM deve ser acionada. Foi justamente o que ocorreu.

No mesmo jogo, o movimento Flamengo Antifascista exibiu uma faixa em homenagem a Stuart Angel, ex-remador do clube morto durante a Ditadura Militar. No último domingo, dia dos 55 anos do Golpe, conselheiros do Flamengo homenagearam o ex-atleta. O clube veio a público negar qualquer envolvimento com o episódio.