Como o CRB e CSA podem subir e se firmar na Série A?

  • 16/06/2021 13:48
  • Brasil e Mundo

Depois de anos à deriva, CRB e CSA aos poucos começam a solidificar seu status no futebol brasileiro. O Azulão conquistou a Série C em 2017 e disputou a Série A em 2019, marcando um grande período em sua história. O CRB não sobe para a elite há um bom tempo, mas está na Série B disputando seu espaço e quem sabe em 2021 consiga finalmente jogar entre os grandes?

Mas mais do que subir para a Série A, é preciso se manter. Clubes como Ceará e Fortaleza indicam que há um caminho para equipes do Nordeste ter esse status. Olhando para fora também há bons casos a serem estudados: por exemplo, o West Ham, time médio de Londres comparado a Arsenal, Tottenham e Chelsea, disputou ponto a ponto com eles e terminou na sexta posição.

Uma das estrelas da campanha foi Jesse Lingard, que em entrevista ao site de aposta esportiva Betway explicou como o time encarou os jogos e se uniu em torno de um objetivo, no caso chegar a uma competição europeia.

O West Ham é um bom exemplo para visualizar como clubes sem o orçamento dos gigantes do futebol nacional podem ser competitivos.

Regularidade é tudo

Muitos clubes conseguem subir de divisão e até fazer parte da elite. Entretanto, ficar nela é que é o grande desafio. Clubes como Joinville, América-RN, Criciuma, Ipatinga tiveram sua chance, mas fizeram o efeito ioiô.

No futebol brasileiro é comum que os clubes que subam sejam os favoritos para cair. 

Ao mesmo tempo estamos vendo uma mudança: clubes com grandes histórias, mas mal organizados, que devem salários, não tem boa estrutura de treinamento e faturamentos baixos não se sustentam mais. Enquanto isso, times arrumados, mesmo com pouca torcida e tradição se comparados aos grandes históricos, mostram resultados melhores. 

CSA e CRB não tem tanta tradição no futebol nacional, com alguns bons resultados espalhados em suas histórias. Mas tem boas torcidas e a capacidade de se organizar.

O planejamento é tudo. Com ele é possível fazer uma previsão do faturamento, não gastar mais do que arrecada, contratar bem – seja com peças que são boas mas não tinham espaço em outros times ou até olhando divisões inferiores – e montar uma estrutura sólida.

Fortaleza e Ceará contam com as forças de suas torcidas para aumentar todas as possibilidades de faturar, desde ingresso no estádio e venda de produtos oficiais – inclusive com linhas mais populares. A Chapecoense tem uma ligação especial com sua cidade, que só aumentou após o trágico acidente antes da final da Copa Sul-Americana.

Criar uma relação com a torcida em vez de apenas lançar algo e esperar engajamento é fundamental. Um bom plano de sócio-torcedores é algo que 20 anos atrás mal existia no Brasil. Hoje ele é o ponto de partida para qualquer organização séria.

Afinal são os torcedores que sustentam o clube. Isso parece óbvio, mas um erro crasso cometido por vários clubes é ignorar essa fonte de renda e confiar apenas nos direitos televisivos. Estes realmente são fundamentais para a sobrevivência, mas em caso de um rebaixamento, a queda no faturamento chega a 90%. Ou seja, se todos os ovos estão no ganho com direitos e deixar de lado os recursos com ingressos, produtos, sócio-torcedor e outros, a queda será grande em caso de descenso.

Não entrar na loucura do futebol

Salários atrasados são uma realidade até nos gigantes do futebol brasileiro. Parece óbvio também, mas o conceito de não gastar mais do que arrecada se perde na cabeça de muitos dirigentes.

Os salários dos jogadores tiveram uma enorme valorização nos últimos anos, assim como os tempos de contrato. Por isso, um contrato longo com salário alto pode ser um terror para as contas de um clube, ainda mais se não houver o pagamento. Disputas judiciais são um grande custo nos orçamentos de todos os times.

Por isso é preciso que clubes como CSA e CRB avaliem muito bem cada contrato assinado e prefiram criar seus jogadores na base e optar por empréstimos e contratos curtos com jogadores de mais nome. Essa fórmula é usada até por times maiores – como o Santos – e desonera a folha de pagamentos. Manter a organização em dia permite uma equipe competitiva em campo sempre. O acesso para a elite nesse caso é uma consequência.