A dois meses da estreia na Copa do Mundo Feminina, na França, o Brasil encerrou a preparação sob extrema desconfiança. No quinto jogo do ano mais uma derrota. Desta vez para a Escócia, que estreará em Mundiais, por 1 a 0, nesta segunda-feira, na Espanha. O saldo da seleção foi o pior possível: das últimas nove partidas, o time do técnico Vadão perdeu todas. Nunca houve na história da seleção feminina uma acúmulo tão ruim de resultados.

A análise do time de Marta & Cia, hoje em décimo lugar no ranking da Fifa, passa pelo contexto mundial. A equipe venceu a Copa América, ano passado, com certa facilidade e conquistou a vaga no Mundial - participou de todas as edições desde 1991. Porém, diante das grandes nações, vê-se um distanciamento na qualidade do jogo ao longo dos anos. Ainda que tenha a melhor do mundo, o Brasil parou em termos táticos e até físicos.

Hoje, Estados Unidos, Inglaterra e Japão, por exemplo, adversárias no Torneio She Believes, mês passado, praticamente não deixam o jogo do Brasil fluir. Espanha, cujo futebol feminino está em crescimento nos últimos anos, virou o placar, no amistoso passado, com facilidade. Diante da Escócia, longe de ser uma potência do futebol, a seleção até chegou mais perto do gol. Mas nem assim conseguiu uma vitória para animar o grupo antes do Mundial. Adversários que, anos atrás, dificilmente batiam as brasileiras.

A comparação com as adversárias do Grupo C torna o retrospecto pior ainda. As seleções de Jamaica, Austrália e Itália tiveram um início de temporada bem mais promissor. Outra estreante na Copa do Mundo, as jamaicanas jogaram três vezes e não perderam: duas vitórias sobre o Chile e empate com a África do Sul. Todos países com presença no Mundial e em melhor colocação que a adversária, hoje em 53º lugar.

Em sete partidas em 2019, a Itália não perdeu. Venceu cinco e empatou duas. A 15ª melhor seleção feminina do mundo, no entanto, encarou principalmente adversárias que não estão classificadas para a Copa do Mundo. As italianas ainda enfrentam a Irlanda na terça-feira.

Favoritas na chave, as australianas foram a campo quatro vezes neste ano. Comprovou a superioridade diante das seleções abaixo dela no ranking, como Nova Zelândia, Coreia do Sul e Argentina. Só perdeu para as americanas, as melhores do mundo.

As tentativas recentes do técnico Vadão, com mudanças específicas em determinadas posições, não deram frutos. A base da seleção para o Mundial está formada, com nomes como Letícia, Mônica e Erika, na defesa; Formiga e Adriana no meio-campo; e Marta no ataque. A atacante Cristiane esteve fora dos amistosos por causa de lesão muscular, mas é esperada para a Copa do Mundo.