Emily Lima encara desafio de viver no Equador em meio à pandemia

  • R7
  • 22/04/2020 11:00
  • Futebol
Divulgação Federação Equatoriana de Futebol

O Equador, ao lado de Brasil e Chile, está entre os países da América do Sul com maior número de infectados pela covid-19. Mas por lá o que assusta são as notícias sobre os colapsos do sistema de saúde e funerário, os corpos chegam a ficar nas casas até que o governo federal consiga recolhê-los para fazer o sepultamento. Esse é o cenário do país em que Emily Lima, ex-treinadora do Santos e da seleção brasileira, passa o período de quarentena.

Para tranquilidade da técnica da seleção feminina do Equador, no povoado de Cumbayá, onde ela vive desde janeiro, a população segue as orientações de isolamento e as autoridades conseguem manter a organização.

“Aqui ninguém sai nas ruas. Eu por exemplo em 30 dias saí uma vez, para comprar comida para meu cachorro porque os serviços de entrega estavam sobrecarregados. Quando vejo na televisão como está em Guayaquil, as pessoas estão vivendo normalmente. Talvez seja por isso que lá está tão ruim”, conta Emily.

A brasileira mora perto de Quito, que fica a 400 km de epicentro da doença no Equador. Ela acompanha tudo pela televisão, mas demorou para perceber a gravidade da situação no país.

“No começo, preferi me concentrar no trabalho, mas comecei a receber muitas mensagens de amigos do Brasil para saber se eu estava bem. Se estava segura. Aí fui olhar na TV e me dei conta que a situação era preocupante mesmo e lá estava bem diferente daqui onde moro. E entendi a preocupação das pessoas daí”, afirma a treinadora.

Além de pensar no trabalho, no Brasil ela teve um problema maior para tomar conta de seu tempo. Dona Oneida, sua mãe de 73 anos, foi diagnosticada com a covid-19, mas sem estar em estado grave pôde se tratar em casa e teve alta na última quinta-feira.

“Eu fiquei assustada, preocupada. Daqui eu ia acompanhando os horários dos remédios dela no Brasil. Colocava o despertador de madrugada aqui e ligava para ela se medicar. Como descobrimos no começo e minha mãe é muito forte de cabeça, o tratamento deu certo. Ela mesmo dizia não se preocupa, está tudo bem, descansa. Dorme! Com isso, fui me tranquilizando”, diz a técnica.

Além da mãe, Emily tem um irmão aqui no Brasil. Weber não mora com Dona Oneida, mas foi fundamental para que ela conseguisse se recuperar. A família tem contato diário, desde o novo coronavírus chegou na América do Sul.

A rotina da treinadora no Equador se divide entre essas conversas, estudos sobre futebol, fazer reuniões com comissão técnica e ver muitos filmes e séries pela internet.

“Meu dia-a-dia está bem diferente. Mas me organizei para fazer muitas coisas para ajudar a passar o tempo. Faço grupos de estudo com outros profissionais que chegam a durar três horas, reuniões de trabalho com a comissão técnica, cuido da minha casa e assisto muitos filmes e séries. Com isso o tempo passa rápido, mesmo sem sair de casa”, ela explica.

Desafio no Equador

Emily assumiu a seleção equatoriana com objetivos ambiciosos: levar a equipe para a Copa do Mundo de 2023 e conseguir fortalecer o futebol feminino no Equador. “O projeto é de três anos e vamos implantar uma metodologia de trabalho aqui para criar uma liga nacional forte. Por isso, mais do que a vaga para a seleção, precisamos convencer os clubes a formarem equipe femininas e mostrar que vai ser bom para eles também.”

Junto com a treinador três profissionais brasileiros compraram a ideia: o assistente Filipe Souza, o preparador Alexsander Dickinson e a analista de desempenho Camila Aveiro. Todos trabalharam com Emiliy em outros projetos, como a seleção brasileira e os times da Portuguesa, Juventus e Santos.

O caminho é longo, nunca pensou que começaria com uma pandemia pela frente, mas a brasileira acredita no sucesso no fim. “Eu gosto de alguns desafios bastante difíceis. Não sei o que acontece. Mas as pessoas que trabalham comigo falam que eu só procuro coisas difíceis. Tenho de enfrentar e tenho que tentar. ”